Em Agosto de 2022, lançamos o novo curta-metragem produzido pel’A Casa de Vidro, “Medo Nós Tem, Mas Não Usa” – batizado com uma frase de Margarida Alves, “símbolo da luta das trabalhadoras do campo por direitos, assassinada por latifundiários e que inspirou a Marcha das Margaridas”, como reportado por Brasil de Fato.
O curta-metragem documental, com aproximadamente 18 minutos de duração, é um retrato do manifesto “Curandeiras da Terra” (que já foi representado por este videoclipe) apresentado no Lago das Rosas/Goiânia, em 1º de Março de 2022, em uma realização que agregou o Bloco Não É Não, o Coró Mulher, o Bloco Feminista Cultural, a Frente Ampla em Defesa da Cultura, dentre outros ativistas e entidades.
Na ocasião, realizou-se também uma comovente homenagem à cantora Elza Soares, ícone da cultura brasileira, falecida aos 91 anos de idade em Janeiro de 2022 (leia em nosso site: A voz de libertação que cantou até o fim).
ASSISTIR NO YOUTUBE (youtube.com/watch?v=m9s8XKLy_-A) OU NO FACEBOOK (https://fb.watch/eI7erUGBdk/). FAZER DOWNLOAD EM TORRENT (via Fórum Making Off)
A arte pode curar as fraturas de uma pátria estilhaçada? A arte pode subverter o sistema, colaborando para a emergência de uma outra mátria possível? Qual o autêntico sentido de “o feminismo é para todo mundo”, bandeira de bell hooks que neste curta também tremulamos? São questões assim que sondamos através de um filme que é feito no intento de ressonância do “espírito” de Audre Lorde, Marielle Franco, Elza Soares, Margarida Alves, dentre tantas outras mulheres de luta. Um vídeo que busca ser um síntese estética, ética e política de um carnaval de cura, de uma celebração da insurgência feminista, anti-fascista e libertária que vem tomando as praças e avenidas de Goiânia.
Um levante de pessoas que tem medo da repressão, da polícia, dos fascistas? Sim, como negar que medo há? Mas a gente tenta não usar! Em 2022, ainda em meio à pandemia e ao pandemônio, enfrentamos um desgoverno que não é ao mesmo tempo misógino e genocida por acidente: o bolsonarismo é a masculinidade tóxica agindo em prol da carnificina, é a “barbárie de farda berrando no palanque”. E elas são não apenas “as netas de todas as bruxas que vocês não puderam queimar”, são as herdeiras do #EleNão e aquelas que não vão deixar “ele” – o Patriarcado, a Dominação Masculina, a Opressão Sexista… – vencer.
Este curta integra uma TRILOGIA que inclui também os filmes POLIFONIA DOS CORPOS INSUBMISSOS (filmado em 7 de Setembro de 2021) e NENHUM GENOCIDA DE PÉ (filmado em Dezembro de 2021). Anteriormente, A Casa de Vidro havia realizado produção audiovisual de teor feminista em outras ocasiões, realizando um videoclipe com o bloco Não é Não e música do Bloco da Desconstrução Coletiva, cobrindo o levante do #EleNão em Goiânia e a mobilização do 8M 2019 que foi matéria-prima para o filme Mulheres Comportadas Não Fazem História (em parceria com Jornal Metamorfose).
TRILOGIA COMPLETA
NOITE DE ESTRÉIA / CINEDEBATE
Na Quarta-feira, 03 de Agosto, às 20h, logo após a aula de percussão afro do Coró de Pau, fizemos a première do filme. Tivemos apresentação da incendiária performance “DESAFIAR O MEDO!”, com a artista colombiana Linda Granados, ao som da Cancion Sin Miedo de Vivir Quintana.
No curta-metragem anteriormente lançado, NENHUM GENOCIDA DE PÉ, Linda Granados foi uma das agentes culturais entrevistadas e sua performance diante da estátua do genocida Anhanguera é uma das atrações de maior impacto do filme (assista e saiba mais: https://acasadevidro.com/nenhum-genocida-de-pe/)
O cinedebate contou com a presença dos debatedores: Cida Alves, Kelly Cristina, Mateus Ferreira, Aline Carrijo (dentre outros – mais vídeos em breve!). Esta última escreveu este texto sobre a memorável noite: Sorrir, seguir, não desistir: um olhar sobre a noite de estreia do documentário “Medo nós tem, mas não usa”.
O poster é uma realização do designer gráfico Gustavo Lopes de Assis. Tanto o poster quanto o filme contêm fotos de Ângela Macário. O curta contêm entrevistas com a advogada, ativista e candidata a deputada federal pelo PT, Kelly Cristina, com a atriz e ativista Ana Cristina Evangelista (do Teatro Zabriskie), além de imagens em profusão das performances que rolaram naquela ocasião. A direção e montagem ficou a cargo de Eduardo Carli, com apoio das filmagens e da montagem de Murilo.jpeg e cenas de drone produzidas pelo Centro Cultural Cara Vídeo.
A trilha sonora é propulsionada pelos batuques do Coró Mulher e inclui trechos musicais do grupo Funmilayo Afrobeat Orquestra (“Negração”, ao vivo), da canção “Olho Roxo” cantado por Cacau Mila, Jô Salgado, Malu Nunes, Jú Faleiro, Lilás e Valéria Souza (click e ouça no Soundcloud), além da versão de “Bella Ciao/Ele Não” com Lívia Assis e Maurício Lavenère (click e veja o clipe ao vivo n’A Casa de Vidro).
LINK PERMANENTE PARA YOUTUBE: https://youtu.be/m9s8XKLy_-A
Esta é uma produção independente que não contou com recursos públicos ou privados para sua produção. Colabore conosco e com o futuro da produção audiovisual d’A Casa de Vidro curtindo, compartilhando, comentando, interagindo, disseminando estes materiais nas redes sociais. O engajamento comunicacional orgânico depende de cada um de nós enquanto multiplicadores de conteúdo. Saravá!
TEASERS:
FOTOGRAFIAS DE ÂNGELA MACÁRIO
CONJUNTURA: Leituras Recomendadas
PIAUÍ – A CADA MINUTO, OITO MULHERES AGREDIDAS
PIAUÍ – MULHERES NA FOGUEIRA (POR TAÍS BILENKY): “A nova edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública informou que, em 2021, foram registrados 66 mil ocorrências de estupro no Brasil, crescimento de 4,2% em relação ao ano anterior. Isso significa 181 casos por dia, oito por hora. Mas, dada a subnotificação desse tipo de crime, as vítimas são ainda mais numerosas: somariam cerca de 290 mil na prática, estima o Fórum. “Frente a tanta violência cometida majoritariamente contra crianças, o que esses dados nos mostram é a urgência do direito ampliado ao aborto legal e seguro”, constatam as pesquisadoras do Fórum Brasileiro de Segurança Pública…”
MENORES DE 14 ANOS SÃO AS MAIORES VÍTIMAS DE ESTUPRO DO BRASIL – Escreve Malu Delgado no DW Brasil: “Somente em 2021, mais de 52 mil brasileiras foram estupradas, sendo a grande maioria delas crianças e adolescentes. Especialistas destacam necessidade de educação sexual e de garantir acesso ao aborto legal. (…) As estatísticas confirmam o machismo arraigado na sociedade brasileira – 88,2% das vítimas que notificaram o crime em 2021 eram mulheres – e revelam ainda um traço cruel e chocante: mais de 70% (37 mil) delas estavam na categoria vulnerável, que abrange pessoas consideradas incapazes de consentir o ato sexual e que inclui menores de 14 anos.
Das vítimas de estupro no Brasil em 2021, 61,2% tinham de 0 a 13 anos, sendo que nove em cada dez vítimas tinham no máximo 29 anos de idade quando sofreram a violência sexual.
As estatísticas também mostram como a violência sexual e doméstica faz parte do cotidiano do país: no caso do estupro de vulneráveis, quase 80% deles foram cometidos por conhecidos das crianças (pais, padrastos, avôs, irmãos, amigos e vizinhos).
Dois casos recentes chocaram o país e recolocaram a gravidade do problema na agenda. Uma menina de 10 anos foi estuprada e impedida de fazer o aborto legal, em Santa Catarina. Além de ter o procedimento inicialmente negado pelo sistema de saúde, a despeito de ser legal neste caso, a menina foi mantida num abrigo para evitar o aborto, numa violação cometida pelo Judiciário.
O outro caso foi da atriz Klara Castanho, de 21 anos, que foi estuprada, descobriu a gestação tardiamente e decidiu dar o bebê à adoção, o que também é uma atitude legal. Assim como a menina de Santa Catarina, a atriz foi vítima de sucessivas violências após o crime do estupro. Dados do prontuário médico de Klara vazaram, ela foi constrangida e ameaçada por uma enfermeira, e o sigilo profissional foi ignorando, expondo a privacidade da jovem, que se sentiu obrigada a publicar uma carta pública revelando o estupro.”
As mulheres decidirão as eleições? – Por Juliana Romão
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Publicado em: 31/07/22
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
A Casa de Vidro Ponto de Cultura e Centro de Mídia